Você pega o telefone, liga para a companhia  telefônica para fazer uma queixa e, do outro lado da linha, um rapaz  simpático informa: “a senhora pode estar respondendo algumas  perguntas?”, “nós vamos estar passando o problema para a equipe técnica.  A senhora vai estar pagando uma taxa de reparo....”
É comum nos últimos dias ouvirmos expressões como essas a todo o  momento. Trata-se de um fenômeno com implicações semânticas e  pragmáticas, usadas, na maioria dos casos, quando o falante não quer  repassar a idéia de ações simultâneas, quando a duração não é  prioridade.
O gerundismo é uma locução verbal na qual o verbo principal apresenta-se  no gerúndio. Seu uso no português brasileiro é recente, é considerado  por muitos como vício de linguagem, uma vez que seu uso é demasiadamente  impreciso.
O gerúndio não é nefando, ele pode ser usado para expressar uma idéia,  uma ação em curso, que ocorre no momento de outra. O seu correto emprego  se dá quando se pretende exprimir uma ação durativa, um determinado  processo que terá certa duração ou estará em curso.
A expressão “vou estar reservando” dá idéia de um futuro em andamento,  no lugar de “vou reservar”, ou ainda, "reservarei", que narra algo que  vai ocorrer a partir do momento da fala.
A origem mais provável para tal estrutura remete-se aos manuais  americanos de treinamento de operadores de telemarketing, onde a  estrutura “we’ll be sending tomorrow” aparecia com freqüência.
Ao traduzir para o Português, a estrutura ganhou tradução literal (“vamos estar enviando amanhã”) e se espalhou. 
Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Equipe Brasil Escola
 
 
